No 
    início de 1999, Antunes Filho criou um Círculo de Dramaturgia 
    no Centro de Pesquisa Teatral. Desde aquela época esse grupo passou 
    a se reunir semanalmente para debater peças clássicas e contemporâneas, 
    filmes de cinema e os próprios textos dos integrantes.
    
    Paulo Santoro ingressou no Círculo de Dramaturgia do CPT em setembro 
    de 1999, por meio de um concurso aberto ao público, para o qual apresentou 
    duas cenas curtas. Uma delas era uma antiga versão da "cena do 
    julgamento", que acabou integrando o texto de O canto de Gregório.
    
    A primeira versão da peça foi apresentada a Antunes Filho no 
    final de 2000. Depois 
    de ouvir as críticas do diretor, o autor preparou a versão final 
    em julho de 2001, quando ela, então, começou a ser ensaiada. 
    O autor faria ainda mais alguns ajustes no texto, motivados pelos ensaios.
    
    Gregório é um personagem inquieto com o sentido de suas próprias 
    ações. Sozinho em seu canto, ele busca uma ética, conversando 
    com mitos da religião e da filosofia e armando um cenário para 
    ser julgado pelo crime de não ser um bom homem.
Inicial
      A peça
      A montagem
      O elenco
      O autor
      O diretor
      O programa
      Fotos
      Na 
      Imprensa
      
      Paradoxos
Desde 7/7/2004
Trechos
"Amar não é difícil. Difícil é odiar: a pessoa tem que ficar rangendo os dentes, plantando intrigas, arquitetando vinganças, planejando malefícios, tem que aprender a lutar, aprender a atirar, trabalhar duro para comprar armas, munição - e, além de tudo, contratar advogados. Na minha opinião, isso dá muito trabalho. Simples é amar: encostar debaixo de uma árvore, abrir um sorriso, e pronto. Não precisa mais nada."
"Foi então que eu vi: a bondade é logicamente impossível. E vi que saber disso é ao mesmo tempo belo e pavoroso - como a visão translúcida de um espectro."
"Por favor, Senhor Juiz, eu não estou me furtando a nenhuma resposta. Gostaria mesmo de saber se sou ou não culpado pelo ato que cometi. O que sei é que havia um revólver carregado em minhas mãos, que esse revólver foi disparado por um movimento de meu dedo indicador, e que um projétil, motivado por esse movimento, saiu da arma com direção ao peito de um cidadão, que, em seguida, foi atingido e faleceu. Isso é de conhecimento de todos."
"Em nossa mesa vazia, encontrei somente o paletó de meu amigo, que ele esquecera apoiado no encosto do assento. Ouvi de alguém a notícia de que ele havia discutido com dois homens e depois saído para um acerto de contas na beira do lago. A idéia de um acerto de contas era uma singularidade terrível para a minha consciência amena e meus suspiros pacíficos."