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Paradoxos
Desde 7/7/2004
Para
a alma, pensar
é definitivamente mais doloroso do que sentir - a dor sem saída
provocada por um paradoxo é eterna. As emoções? Para
o saudoso, a lembrança alivia. Para o perdido, uma palavra consola.
O desesperado - de que mais precisa senão de fé? Mas
a ninguém, em nenhum tempo, em nenhum lugar, é permitido escapar
da dor de um paradoxo.
(Gregório)
Para
Simon Blackburn, "os paradoxos desempenham um papel importante na filosofia,
visto que a existência de um paradoxo não-resolvido mostra que
há algo nos nossos raciocínios ou nos nossos conceitos que não
compreendemos".
Há paradoxos que são estranhamente engraçados, pois faz
parte de sua natureza parecer uma mágica: seu resultado é absurdo
e inesperado, e queremos imediatamente saber qual é o truque.
Veja abaixo alguns paradoxos extremamente intrigantes. (Todas as informações
e citações foram retiradas do ótimo Dicionário
Oxford de Filosofia, escrito por Simon Blackburn e publicado no Brasil
pela Jorge Zahar.)
O
paradoxo do mentiroso
"Esta frase é falsa." Se a frase é falsa, então
é verdadeira; se é verdadeira, então é falsa.
Paradoxo de Newcomb
Imagine que há duas caixas diante de você. Numa delas você
pode ver que há 1.000 reais. A outra está fechada, e você
não pode ver seu conteúdo. Você pode optar por levar uma
delas com você, ou pode optar por levar as duas. Mas você recebe
a seguinte informação: Deus já colocou 100.000 reais
na caixa fechada SE ele previu que era esta que você escolheria levar
(deixando a outra para trás). Em caso contrário, ele não
colocou nada nela. E parece que isso é mesmo verdade, pois dizem a
você que todos os que escolheram a caixa fechada acabaram encontrando
100.000 reais ali dentro, enquanto todos os que levaram as duas faturaram
apenas 1.000 reais. A questão é: você leva as duas caixas
ou apenas a fechada?
É mais forte o argumento de que o certo é levar as duas
caixas, pois Deus já fez aquilo que quis fazer. Independentemente
do que ele fez, você vai ganhar 1.000 reais mais o que estiver
na caixa fechada, se escolher as duas. Mas há ainda um excelente argumento
de que o certo é levar só a caixa fechada. Nas palavras
de Blackburn, "o argumento para escolher apenas a caixa fechada é
o de que as pessoas que fazem essa escolha são as que acabam ficando
ricas".
O paradoxo da prova surpresa
Imagine que o período letivo acabe no próximo dia 30. Dez dias
antes, o professor ameaça os alunos, dizendo que até o fim desse
período letivo haverá uma prova surpresa.
Porém é impossível logicamente a aplicação
dessa prova surpresa. A explicação é a seguinte: a prova
não pode ser no dia 30, que é o último dia de aula, pois,
no fim do dia 29, não havendo ela ocorrido ainda, os alunos já
saberiam que a prova seria no dia 30
(e assim não seria mais surpresa). Sendo assim, o dia 29 passa a ser
o último dia possível para que o professor aplique uma prova
surpresa. Mas então, no fim do dia 28, os alunos já saberão
que a prova seria no dia 29, e ela deixaria de ser surpresa. Esse raciocínio
pode ser estendido dia por dia, de forma que não resta ao professor
nenhum dia para a aplicação de uma prova realmente surpresa.
O paradoxo do assassinato delicado
Se você considerar assassinar uma pessoa, então passa
a ser um dever assassiná-la. Por quê? Ora, se você
considerar assassinar uma pessoa, torna-se um dever assassiná-la
com delicadeza. Se assassiná-la com delicadeza é
um dever, então, afinal, é um dever assassiná-la.
O paradoxo do perdão
Se só devem ser perdoadas as pessoas que merecem o perdão,
então não faz sentido perdoar ninguém: se uma pessoa
não merece perdão, não deve ser perdoada; e, se merece,
então não há nada a perdoar.
O paradoxo do barbeiro
Numa pequena cidade, há um barbeiro. Sobre a cidade e o barbeiro, afirma-se
que:
1. Ele faz a barba de todas as pessoas da cidade que não barbeiam
a si próprias.
2. Ele faz a barba apenas dessas pessoas, e de mais ninguém.
Pergunta-se: quem faz a barba do barbeiro? Se ele se barbeia a si próprio,
então não barbeia a si próprio (já que ele só
barbeia aqueles que não barbeiam a si próprios). Se ele não
barbeia a si próprio, então barbeia a si próprio (já
que ele barbeia todos aqueles que não barbeiam a si próprios).
O paradoxo
da onipotência de Deus
Se Deus é onipotente (pode fazer tudo), pergunta-se: ele pode criar
uma pedra que ele não possa erguer? Se não pode criá-la,
não é onipotente; se pode, "então também
não é onipotente, já que ao criá-la estaria originando
algo que não poderia fazer (levantar o que tinha criado)".
Paulo Santoro